ESPIRITISMO – ORIGEM EM FRANÇA –
KARDEC E ROUSTAING – OBRA DE ROUSTAING
A obra de Allan Kardec é muito conhecida e difundida e será, sempre, ainda mais, com o cada vez maior número de adeptos da Doutrina Espírita, de quem foi e é o Codificador e, por este motivo, aqui, neste breve estudo, abordaremos o trabalho de Jean Baptiste Roustaing, que organizou as mensagens recebidas pela médium Emile Collignon e editou a obra "Os Quatro Evangelhos"...
Contemporâneo de Allan Kardec, cuja obra "O Livro dos Espíritos" deu origem à doutrina espírita, tal qual conhecemos, Jean-Baptiste Roustaing organizou interessante obra, em 4 volumes, intitulada "Os Quatro Evangelhos" [1] que inegavelmente é material interessante para se compreender a doutrina e tanto que consta que o próprio Kardec àquela obra assim se referiu, na Revista Espírita ("Revue Spirite") editada em junho de 1866, em França, in verbis:
"É um trabalho considerável e que tem,
e em O Livro dos Médiuns.
As partes correspondentes às que tratamos
em O Evangelho Segundo o Espiritismo
o são em sentido análogo" (destacamos) [2] [3].
Analisaremos pontos da comentada obra por considerá-la - como vimos - credenciada pelo próprio Alan Kardec e por entender que, sendo contemporânea às obras por ele codificadas, muito podem contribuir para os estudos espíritas e divulgação da doutrina.
Os “Quatro Evangelhos – Espiritismo Cristão ou Revelação da Revelação” é obra psicografada por Émilie Collignon, médium belga, sendo que tal volumosa obra foi organizada e coordenada por Jean-Baptiste Roustaing.
No Brasil, a obra "Os Quatro Evangelhos"¹ de Roustaing tem sido editada pela Federação Espírita Brasileira – FEB em 4 volumes e as referências a respeito contidas nestas linhas são das seguintes edições: 1o volume, editado pela FEB, 9a edição, 2008; 2o volume, editado pela FEB, 8a ed., 1995; 3o volume, editado pela FEB, 8a ed., 1996 e 4o volume, editado pela FEB, 8a edição, 2008 .
... “ servir e a difundir
a Doutrina codificada por Allan Kardec.
Desde cedo firmou-se a Instituição
da segura orientação de tornar o Espiritismo
estreitamente vinculado ao Evangelho,
duas etapas da Revelação separadas no tempo
mas convergentes e complementares,
como sobressai claramente do contexto da Codificação. “ ³
Então, por que estudar a obra de Roustaing, com as psicografias de Émilie Collignon, se é crível que a FEB tem por princípio ³ a divulgação da Doutrina, assim como codificada por Allan Kardec?
Por, pelo menos, dois motivos:
a) o próprio Kardec reconheceu que a obra de J. B. Roustaing é importante e que não é oposta aos trabalhos seus, como codificador ²;
Além do mais, tudo está em constante evolução, inclusive nossa capacidade de compreensão de todos os fenônemos...
Como no caso dos Médiuns que auxiliaram A. Kardec, não se tem retrato de Emilie Collignon e dela se sabe que nasceu com o nome de Emilie-Aimé-Charlotte Bréard Collignon (em Anvers, Bélgica, em 1820) tida como espírita desde idos de 1862, tendo o próprio Allan Kardec divulgado mensagens dessa médium nas páginas da Revista Espírita e, portanto, certamente o fez diante do valor do seu conteúdo doutrinário.
Era Médium mecânica e que muitas vezes ignorava o teor do que recebia da espiritualidade.
Em maio de 1865, terminou a psicografia de Os Quatro Evangelhos, lançados no ano seguinte.
Interessante que se analise, apesar de um pouco extensas, referências feitas por Kardec à Médium Emilie Collignon, in verbis:
...“ Após a transcrição de “O Espiritismo filosófico”, Kardec apõe sua observação, que assim começa: “Esta comunicação faz parte de uma série de ditados, sob o título: “O Espiritismo para todos”, assinalados todos eles por um mesmo cunho de profundeza e de simplicidade paternal. Como nem todos podem ser publicados na Revue, farão parte das coleções especiais que preparamos”.
Ainda no ano de 1862 (pp. 337/339), Kardec transcreve longa poesia mediúnica – “Mon Testament” – recebida, em Bordéus, pela Sra. Emilie Collignon. Já em 1863 (outubro, pp. 314/316), O Codificador da Doutrina dos Espíritos estampa um artigo referente à proibição mosaica da evocação dos mortos, de sua autoria. Só depois, no entanto, ele teve conhecimento da comunicação assinada: Simeão, por Mateus, que a médium Collignon recebera num grupo espírita de Bordéus, em resposta à pergunta: “Tendo Moisés proibido evocar os mortos, é permitido fazê-lo?” Precisamente por causa da concordância das idéias, Kardec reproduziu essa comunicação mediúnica logo após o seu artigo, nas páginas da revista.
Em “Notícias bibliográficas” (Revue Spirite, 1864, pp. 223/224), Allan Kardec faz largos elogios à brochura “Conseis aux mères de famille”, formada de instruções mediúnicas ditadas à senhora Collignon pelo Espírito que se assinara Étiene, desconhecido da médium. Essas instruções haviam sido anteriormente publicadas pelo jornal Le Sauveur. Eis a apreciação de Kardec: “Estamos felizes em poder aprovar, sem reservas esse trabalho, tão recomendável pela forma quanto pelo fundo. Estilo simples, claro, conciso, não enfático, sem palavras inútéis ou vazias de sentido, pensamentos profundos, de irreprochável lógica, é bem a linguagem de um Espírito elevado, e não esse estilo verboso dos Espíritos que creêm compensar o vazio das idéias com a abundância de palavras. Não temos receio em fazer esses elogios, porque sabemos que a Sra. Collignon não os tomará para si e que seu amor-próprio de forma alguma será sobreexcitado, do mesmo modo que não se formalizaria com a mais severa crítica. Nesse escrito, a educação é encarada no seu verdadeiro ponto de vista em relação ao desenvolvimento físico, moral e intelectual da criança, considerada desde o berço até à sua formação no mundo. As mães espíritas, melhor que as demais, apreciarão a sabedoria dos conselhos que ele encerra, daí porque lhes recomendamos como obra digna de toda a sua atenção. A brochura é completada com um pequeno poema intitulado: “Corpo e Espírito”, produção igualmente mediúnica, que mais de um autor de renome poderia subscrever sem receio”.
A propósito de “Entretiens familiers sur le Spiritisme”, pela Sra. Emilie Collignon, de Bordéus, Allan Kardec faz o seguinte comentário: “Temos a satisfação e o dever de chamar a atenção dos nossos leitores para esta brochura, que apenas anunciamos em nosso último número, inscrevendo-a entre os livros recomendados. É uma exposição completa, ainda que sumária, dos verdadeiros princípios do Espiritismo, em linguagem familiar, ao alcance de todos e sob forma atraente. Fazer a análise dessa produção seria fazer a de “O Livro dos Espíritos” e de “O Livro dos Médiuns”. Não é, pois, como contendo idéias novas que recomendamos esse opúsculo, mas como meio de propagar a Doutrina
Notemos que alguns atribuem os pequenos pontos de divergência a excessos de Roustaing mas penso que, também, de modo mais generoso, podem ser atribuídos ao próprio trabalho de sistematização e organização ou até mesmo ao modo de se compreender as manifestações, notadamente naquele tempo, de surgimento da Doutrina Espírita, tal como codificada.
Alguns disseram, dizem e dirão que isso é errado ou impossível, mas, sem querer entrar em polêmica, nada é impossível para Deus e o Cristo Jesus e que, ademais, há o conhecido fenômeno da “materialização” (como bem lembrado por J. Herculano Pires, em artigo intitulado “O Nascimento e o Corpo de Jesus”, consultado no site da Fraternidade Espírita Chico Xavier - http://fecxavier.blogspot.com/2008/02/o-nascimento-e-o-corpo-de-jesus.html). 9
... “O que nos interessa no caso é a lição
moral que dele decorre: todos os túmulos estão vazios.
Foi mais uma decisiva lição que Jesus nos deu através do seu corpo.
Outros alegam que as aparições de Jesus após a morte foramtodas em corpo carnal. Mas, acaso não sabemos que
que alguns cientistas se desinteressaram da pesquisa
por acharem o fenômeno demasiado real?
As materializações completas podem falar, comer,
respirar como qualquer criatura de carne e osso,
como provaram as experiências de Crookes
e Richet, além de outros”... (fonte citada – destacamos).
Pedro Amorim (trabalho citado) também se refere ao fato de que em Roustaing temos consideração sobre Mentepsicose (uma alma habitar vários corpos), com o que Kardec não concorda e considera também um argumento altamente relevante para a análise da obra, aqui reproduzido, in verbis:
“Uma das preocupações básicas de Kardec,
no que diz respeito aos princípios do Espiritismo,
ficou patente no emprego sistemático do
princípio da universalidade, onde, uma questão
era sempre submetida a vários médiuns em
diferentes lugares e ocasiões, e as respostas compiladasem busca de uma resposta com o mesmo fundo
De fato, consta que Kardec testou em vários Centros e com Médiuns diferentes a orientação dos espíritos para que só então, adiante, fizesse inclusão na sua Codificação... Ao passo que Rustaing teria se valido das mensagens recebidas pela Médium de Efeitos Físicos Émilie Collignon, como única fonte para a obra em comento...!
Todavia, não nos esqueçamos do revelado valor daquela Médium por parte de Kardec, como antes citado, bem como pelo valor que este emprestou à obra em comento, além do fato de que a própria FEB a edita, o que, evidentemente, credencia a sua seriedade.
A grande questão é se, afora pequenos aspectos antes suscitados, que constam dos textos de Roustaing, se haveria algum tipo de oposição no trabalho deste ante a Codificação de Kardec... Bem, se nos apoiarmos no expressado juízo feito por Allan Kardec, a resposta será negativa, como antes lembrado e transcrito, para quem a cometada obra pôde parecer extensa e prolixa e com a mal recebida tese do docetismo, mas não contradiz aquilo que temos como a base da “Doutrina Espírita”... Para maior clareza, permitimo-nos reproduzir, aqui, as palavras de Kardec, citadas na abertura deste breve estudo, in verbis:
"É um trabalho considerável e
que tem, para os espíritas, o mérito
de não estar, em nenhum ponto,
em contradição com a doutrina ensinadaem O Livro dos Espíritos e em
às que tratamos em O Evangelho Segundo o Espiritismo
o são em sentido análogo" (destacamos).
FONTE:
1 - "Os Quatro Evangelhos", editada em português pela Federação Espírita Brasileira – FEB e em 4 volumes: 1o volume, editado pela FEB, 9a edição, 2008; 2o volume, editado pela FEB, 8a ed., 1995; 3o volume, editado pela FEB, 8a ed., 1996 e 4o volume, editado pela FEB, 8a edição, 2008;
2 - Internet – Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Quatro_Evangelhos_ou_Revela%C3%A7%C3%A3o_da_Revela%C3%A7%C3%A3o – consulta feita em 24.11.2011, às 23h;
3 – Internet – “Os Evangelhos Explicados pelo Sr. Roustaing”, Revista Espírita, Junho de 1866 - http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1866/66-06-os-evangelhos.html - consulta feita em 25.11.2011, às 16:02h;
4 - Internet – site da FEB http://www.febnet.org.br/site/conheca.php?SecPad=3 - consulta feita em 25.11.2011, às 12:27h;
5 – Internet - Sobre a médium Emilie Collignon -
http://www.grupodosoito.com.br/subpaginas/todas_fotos.htm - consultas feitas em 23.11.2011;
6 – Internet - Sobre referências feitas por Allan Kardec à médium Emilie Collignon - http://www.sitiodapaz.org.br/Site/1%20site/periodicos%20na%20integra/reformador/reformador_02_78/EMILIE%20COLLIGNON.htm – consultas feitas em 25.11.2011;
7 – Internet – artigo de AMORIM, Pedro Paulo (UFSC) – “ROUSTAING: A CISÃO NO INTERIOR DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
(1920 – 1922).” - http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Amorim,%20Pedro%20Paulo.pdf – consulta feita em 23.11.2011
8 – Internet – sobre Docetismo - http://pt.wikipedia.org/wiki/Docetismo - consulta feita em 25.11.2011;
9 - J. Herculano Pires, artigo intitulado “O Nascimento e o Corpo de Jesus”, consultado no site da Fraternidade Espírita Chico Xavier - http://fecxavier.blogspot.com/2008/02/o-nascimento-e-o-corpo-de-jesus.html) – consulta feita em 25.11.2011.
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OI INTERESSANTE VOU ESTUDAR MAIS O ASSUNTO
ResponderExcluirHÁ TANTO PARA APRENDER
Nem sabia desse contemporâneo de Kardec. Vou me informar mais. Valeu muito pelas observações e informações a respeito.
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