Em visita à biblioteca de obras raras da sede da Federação Espírita Brasileira - FEB em Brasília - DF, onde existem cerca de 14.000 (quatorze mil) exemplares, ao acaso tivemos contato com a obra "Human Personality and Its Survival of Bodily Death", de autoria de Frederic W.H. Myers, publicada em 1908 pela Longmans (obra em 1 único volume, contendo a reunião dos 2 originais e com cerca de 1.360 páginas). Curioso saber que era ligado à literatura clássica e não à psicologia, por formação.
Trata-se de obra interessante e cujo título pode ser traduzido para "A PERSONALIDADE HUMANA E A SUA SOBREVIVÊNCIA À MORTE CORPORAL", em que com base em vasta pesquisa e coleção de casos, desenvolveu-se uma "teoria da personalidade humana", discorrendo sobre grande variedade de fenômenos psicológicos, abordando ainda patologias, processos psiquícos considerados diante da consciência em sua normal vigília e algumas raras manifestações, como a telepatia.
Convem registrar, a propósito, que o termo telepatia foi pela primeira vez usado pelo próprio Frederic Myers, que também foi fundador da Society for Psychical Research (Sociedade para Pesquisa Psíquica), assim substituindo termos anteriormente aplicados ao fenômeno, como, por exemplo, transferência de pensamento.
Voltando ao tema, Myers pretendia que seu livro e suas teorias servissem como uma base para o desenvolvimento de uma completa teoria da personalidade humana, muito baseada em vasto material empírico...
Curioso notar que Myers estudou a mediunidade, os médiuns e sensitivos, chamados estes últimos de "automatistas"... Mas inovou com um pensamento que chamava de "princípio da continuidade", tido como um dos mais fundamentais princípios que guiam a ciência contemporânea. Para ele, não existe fenômeno inteiramente anômalo ou, como se diz, separado do todo, dizendo que a dificuldade dos cientistas para fenômenos de tal natureza não está na dificuldade de acreditar nem na carência de confiáveis evidências, mas na incoerência dos fenômenos e na ausência ou impossibilidade de comparação... Aliás, o próprio sentiu objeção dessa natureza (obra descrita; vol 2, 505)... Registrou, ainda, que os opositores e críticos não passarão a acreditar nem diante de qualquer evidência mais evidente e sólida, a menos que haja persistência dessas evidencias (Myers, 1903, vol 2:2). Por fim, podemos dizer que para alguns casos apontava que a aparente mediunidade seria reflexo da psique do próprio médium mas que muitos casos não podiam receber qualquer rótulo ou submeter-se a pesquisa científica, já que realmente tinham algo de extraordinário...
Sem que fique longo e enfadonho é certamente difícil para leigos escrever a respeito de tema tão profundo, mas a curiosidade nos move e estudando a respeito também noutras fontes comprendemos que o método de Myers compreendia servir-se de uma grande variedade de fenômenos psicológicos (múltiplas personalidades, sono, sonhos, hipnotismo, alucinações, mediunidade, escrita automática, transe etc) e percebe-los como "transições " e variações do quadro de dita normalidade, ou seja, cotejando os fenômenos tidos como normais com os considerados como extraordinários ou "supernormais", tidos, como explicava, nao como
questões (anomalias) isoladas, mas como partes de um único todo que se compunha a chamada personalidade humana. Noutras palavras: o self consciente não representava toda a personalidade humana!
Pesquisou, ainda, sobre questões "além da experiência humana" (que consideramos como sobrevivência post mortem - vida após a "morte do corpo físico"), concluindo pela "sobrevivência do espírito do homem"... Ora, podemos considerar, então, que o seu propósito era explorar, estudar e descobrir se existem traços característicos da personalidade encarnada que sustentam a idéia da personalidade humana ser mais extensa do que aquela que se manifesta no corpo físico... Ou seja, se nos apresentou uma consciência mais ampla do que aquela a que os céticos certamente admitem.
Por fim, consta que Myers teria se comunicado após o seu falecimento e com o propósito de fornecer novas evidências da sobrevivência do homem após a morte do corpo físico. Essas manifestações é que deram origem a um novo método, considerado como um dos mais contundentes a favor da demonstração da imortalidade da alma: " as correspondências cruzadas", cujo nome se deve ao fato de que diferentes médiuns e sem contato entre si receberiam mensagens que não teriam sentido isoladas, mas uqe quando reunidas formariam um todo coerente - concluindo-se que as inteligências desencarnadas teriam coordenado tais comunicações.
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Exemplo de correspondência cruzada temos na obra "Evolução em Dois Mundos", psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ditado pelo espírito André Luiz.
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Como consta no texto, para quem acredita nenhuma palavra é necessária, mas para quem não acredita, nenhuma palavra é suficiente.
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