No livro ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, de LEWIS
CARROL, há passagem onde a personagem Alice encontra a lagarta e se dá o seguinte diálogo:
"- Quem és tu? Estas
palavras não eram lá muito encorajadoras para começar uma conversa. Alice
respondeu timidamente: -
Eu…senhor, eu agora neste momento nem sei. Sei, pelo menos, o que eu era,
quando me levantei esta manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde
então...
- Que história é essa? – disse a Lagarta, com um ar severo –
Explica-te bem!
- Eu não me posso explicar, senhor,
porque eu não sou eu, percebe…- disse Alice. No momento não tenho muita certeza.
Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei
uma porção de vezes desde que isso aconteceu. Receio que não possa
me explicar, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar
uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma.
-Tu??
Ora, quem es tu..."
Mais adiante, falam assim:
..."Bem,
talvez você ainda não percebeu isso’,
replicou Alice, ‘mas quando você
tiver que se
transformar num casulo – você terá um dia, você
sabe – e então,
depois disso, numa borboleta,
eu penso que você sentirá
isso um
pouco estranho, não?’
Na mesma linha, o filósofo SÓCRATES disse a célebre frase: "-Só sei que nada sei"...
Para
falar nos clássicos, dentre tantos também agora recordamos a seguinte frase,
contida no livro O PEQUENO PRÍNCIPE, de ANTONIE EXUPÉRY , in verbis:
" _ Os homens esqueceram essa verdade,
disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas." ...
JESUS
nos disse que se conhece os homens pelas obras, como nos narram os Evangelistas
Lucas, Mateus e Marcos (Lucas, VI: 43-45; Mateus, VII:
15-20 e XXIV: 4-5, 11-13, 23-24;
Marcos, XIII: 5-6, 21-22)
Temos
a concepção de que o caminho para a autocompreensão passa pela capacidade de
assumir que não podemos dominar tudo na vida, que não dominamos os pensamentos
das pessoas com quem convivemos, que não somos o centro do mundo, que nos é
impossível saber tudo ou entender absolutamente tudo, mas que devemos estar
atentos ao que nos cerca e a nos permitir ao menos sentir o quão importantes
somos nessa complexa existência...
Aquela
frase de Sócrates, acima transcrita, nos dá bem a idéia de que somos eternos aprendizes.
Estamos aqui para aprender e, no exercício do
livre-arbítrio, prosperar em nosso aprendizado e evolução moral. SE
não somos perfeitos somos, no entanto, perfectíveis, ou seja,
podemos aprender com os bons tanto quanto com os nossos erros etc
Se somos intolerantes, como
podemos exigir que sejam tolerantes com os nossos tantos erros e
defeitos?
Se não aceitamos que envelhecemos ou se não
gostarmos da imagem que vemos refletida no espelho, como podemos esperar que
outros nos aceitem ou gostem de nós? Afinal,
somos o que somos ou somos um personagem que criamos para sobreviver nesse
mundo? Os que convivem conosco realmente nos conhecem ou apenas se iludem ao
"conviverem" com um personagem?
Somos capazes de sorrir espontaneamente ou disfarçamos
nossas emoções nos escondendo atrás de um sorriso disfarçado?
Se não nos valorizamos, se não nos achamos capazes, se
não buscamos superar certas dificuldades, se não temos fé em Deus ou em nós,
como poderemos esperar que outros confiem em nós?
Se nos damos pouco, como esperar que as pessoas
correspondam com generosas manifestações de afeto, respeito, carinho,
solidariedade e amor? Afinal, é dando que se recebe !
Aliás, como disse EXUPÉRY, no livro antes citado, nos
tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos... ou como disse-nos
CHICO XAVIER, a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória...
Somos imagem e semelhança de Deus, do Deus vivo,
incondicionalmente amoroso, onipesente e onisciente e onipotente. Temos em nós
a centelha divina... Somos parte do Todo... Somos deuses, como Jesus falou
(...-"Vós sois deuses" ). Quando nos sentimos parte
do todo, quando temos o coração cheio de amor a Deus e ao próximo, quando nos
sentimos integrados nesse contexto movido pelo verbo, pelo Amor, não nos
sentimos isolados, doentes ou abandonados, mas importante parte da obra
maior...
Que não tenhamos medo de errar ou acertar, que não
tenhamos medo de nós mesmos, que não tenhamos medo dos nossos medos, que não
tenhamos medo de nos mostrarmos sem máscaras ou disfarces cercados por nossos
entes queridos, sejam familiares ou amigos, que estejamos com o coração aberto
para que Deus nos toque - basta que queiramos e que não nos fechemos à pura
energia ao ao fluido universal - e transforme as nossas vidas e que assim o nosso
embrutecido coração possa bater mais forte, potencializado pelo fluir natural e
leve do Amor que nos envolve...
Paz!
(imagem
coligida da internet - autoria desconhecida)
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