AÇÃO DA PRECE, COMO SE PROCESSA A TRANSMISSÃO DO PENSAMENTO, CONFORME O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

No Evangelho Segundo O Espiritismos, no Capítulo XXVII, temos uma explicação de como funciona a ação da prece, definida como uma invocação - para agradecer, pedir ou glorificar - e por intermédio da qual entramos em comunicação, pelo pensamento, com Ser superior.

O Espiritismo nos demonstra como se opera a ação da prece, explicando "como se processa a transmissão do pensamento, seja quando o ser chamado atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento chega até ele. Para se compreender o que se passa nessa circunstância, é preciso imaginar todos os seres encarnados e desencarnados, imersos no fluido universal que ocupa o espaço, assim como aqui na Terra estamos mergulhados na atmosfera. O fluido recebe o impulso da vontade, ele é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto que as do fluido universal se estendem ao infinito" (Kardec, Allan; Evangelho Segundo O Espiritismo, Capítulo citado, FEB, páginas 619/620).

No Evangelho codificado por Kardec (obra citada, p. 624), temos que a prece tem o seu poder no pensamento e não nas palavras, nem no lugar, nem no momento em que é feita...

"Pode-se, portanto, orar em qualquer lugar, a qualquer hora, a sós ou junto com outras pessoas" (obra cit., p. 624/625), mas, como Deus lê o íntimo dos corações, não se nos parece razoável acreditar que Ele seja mais sensível à forma, à aparência, ao ritual do que à essência da oração...

Também não é razoável que se faça uma espécie de "troca", pois está escrito que "Deus não vende os benefícios que concede" (Obra citada, p. 605)... A prece é um ato de caridade, "um impulso do coração"...

Observemos que é pela prece que "o homem atrai o concurso dos bons Espíritos, que vêm sustentá-lo nas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos" (A Prece, conforme o Evangelho Segundo O Espiritismo, FEB, Rio de Janeiro, 52a. 2005, item 11), sendo apoio para a alma, tendo por base uma fé viva em Deus e Sua bondade.

A prece é muito mais que fórmulas repetidas, rezas mecânicas ou rotineiras, mas um momento íntimo, extravasando a energia espiritual ou, como já dito, "a explosão de fé, num coração cristão" (Sobrinho, Geraldo, in Espiritismo de A a Z, citando Codro Palissy, in Vítimas de Preconceito, 13a. ed., FEB, 1996).

Interessante notar que o ser humano e os demais seres vivos estão inseridos num universo, onde há uma profusão e infinita variedade de energias e em várias faixas eletromagnéticas e astrais, algumas já trabalhadas, provadas e utilizadas pela ciência e outras apenas hoje alcançáveis pelos mais evoluídos espíritos que nos assistem... É válida a idéia de que uma onda, no mar, tem sua individualidade e existência una quando se destaca do fluído (que é o mar) e cresce e cresce até findar-se na praia; por este singelo e simbólico modo de exemplificar a unidade e o todo, temos que a onda não perde contato com o mar de onde surgiu apenas porque se a temos como uma individualidade em relação ao todo... pelo contrário, isso só demonstra que do mar veio e ao mar retornará e que sempre esteve ligada ao mar... Na Terra, o homem, por seu turno, embora tenha sua efêmera individualidade, é em essência um espírito encarnado que se destacou do todo universal mas nem por isso deixou de pertencer à ele, carecendo, portanto, de manter-se ligado a Deus e a toda essa maravilhosa e infinita harmonia universal, sendo-lhe útil, para tanto, a ferramenta da prece sincera, da oração a Deus...

Fundamental que pratiquemos o "orai e vigiai", de que falava o Mestre Jesus (Mateus, C26:V41) e que façamos a nossa parte, que não fiquemos parados, aguardando que outros ou que Deus façam aquilo que não desejamos fazer, que nos substituam nas nossas provas, ao invés de pedir forças, determinação, persistência, coragem, saúde e sabedoria para vencermos (nós mesmos) os desafios e superarmos as provas que se nos apresentam... Temos que agir segundo a idéia expressa na frase "ajuda-te e o céu te ajudará" (Ese, Cap. 27; item 7) e seguindo a advertência sábia, expressa por Jesus (Mateus, C6:V7): "não vos assemelheis aos hipócritas que pensam que pelo muito falar serão ouvidos"...

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