quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Paradoxo do Espelho

.

.
Imagina-se o debate entre a real imagem da pessoa e o seu reflexo no espelho. A pessoa que sofre, fica triste, chora, mas que também ama, sorri, canta, caminha, sentindo do sol o calor e o cheiro de terra molhada quando a chuva se inicia, que ganha abraços, sorrisos e tanto quanto abraça e sorri...
O reflexo no espelho revela a retocada imagem que o cérebro já protege e justifica e retoca, com maquiagem, cabelos penteados, a estética nos dentes, na barba feita e no sorriso calculado, moldando segundo um padrão estético pré-concebido, em muito por  uma necessidade de aceitação e de autoaceitação. A imagem no espelho não chora, não sofre, não erra... A imagem no espelho é construída, moldada, estudada. O resultado agrada.
Mas eis que o espelho de repente indaga "-Quem és tu?" e a pessoa diz simplesmente que é a fonte daquela imagem. Debatem, discutem, se indagam. Por um momento a pessoa parecia desejar simplesmente ser aquela imagem no espelho, até que se apercebeu que aquela imagem é como um momento retratado numa fotografia, podendo parecer digna de ser eternizada, impressa e colocada num porta-retrato, mas é só isso, uma imagem, um maya, uma ilusão perdida no tempo, ao passo de que a pessoa de verdade é um complexo de emoções exatamente por sentir a influência de tudo, das pessoas ao redor, do vento, do sol, da chuva, dos alimentos que consome, do bem que faz, dos passos com os quais moldou o seu destino... 
E então aquela pessoa que por um momento parecia preferia a moldada imagem no espelho, sai dali, apagando a luz daquele cômodo e deixa com passos firmes os limites da sua casa e parte para a vida, para o mundo, para o seu destino, que é viver a vida do melhor modo, pois sempre vale a pena.


RD .(imagem coligida da internet)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua visita está registrada, registre seus pensamentos também.